A vida, com suas fases de infância, juventude, madureza, é uma experiência constante. Cada fase tem seu encanto, sua doçura, suas descobertas. Sábio é aquele que desfruta de cada uma das fases em plenitude, extraindo dela o melhor. Somente assim, na soma das experiências e oportunidades, ao final dos seus anos, guardará a jovialidade de um homem sábio. Se você é idoso, guarde a esperança de nunca ficar velho. (Autor desconhecido).
Virtualmente indefeso, massacrado e excluído.
No mundo da globalização e de seu subproduto, o neoliberalismo, a ética, os valores morais, a cultura, o pensamento, o trabalho, a criatura humana e tudo o mais subordinam-se às exigências da economia, sujeitam-se ao deus-mercado, sistema em que o ser mais vulnerável, por sua fragilidade física, psicológica e social, é o mais velho.
Objeto de discriminação no trabalho e na sociedade, virtualmente indefeso, ele é massacrado pela crueldade e implacabilidade do modelo neoliberalista, que avalia o merecimento das pessoas por seu grau de rentabilidade econômica, marginaliza e descarta tudo o que é incapaz de produzir lucro pecuniário.
Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado no primeiro semestre apontou que a proporção de idosos que pararam de trabalhar após perder o emprego caiu de 20%, em 2012, para 16% em 2018. Mas também caiu o percentual dos que conseguiram uma colocação ao passar dos 60 anos. Em seis anos, essa taxa passou de 28% para 23%. Ainda que o percentual de pessoas acima de 60 anos no mercado de trabalho venha crescendo – bateu o recorde de 7,9% no segundo trimestre, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – apenas 26% têm carteira assinada. A maior parte ainda está na informalidade ou em ocupações por conta própria.
A faixa etária mais excluída do mercado formal é também a que mais tem sofrido com o fechamento de vagas com carteira assinada, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Em agosto, enquanto a faixa etária até 39 anos criou mais de 140 mil vagas, 37 mil postos foram fechados para pessoas acima de 50 anos. Contudo, algumas empresas passaram a lançar programas com vagas abertas apenas para pessoas de idade mais avançada, como parte de um esforço de diversidade que já era observado em relação a gênero e raça. Afinal de contas ser velho é perder a capacidade de trabalho?
Eles são mantenedores.
Boa parte dos idosos ou pessoas de certa idade que trabalham não teria necessidade própria, mas destina o que ganha para sustentar a família. Cerca de 10 milhões de pessoas dependem da renda dos aposentados para viver, segundo uma pesquisa da LCA Consultores. Em 2017, o percentual de lares em que 75% da renda ou mais vem de indivíduos com mais de 60 anos cresceu 12%, somando 5,7 milhões. De acordo com a revista exame, por Arena do Pavini, um estudo realizado em todas as capitais pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revela que 43% dos brasileiros acima de 60 anos são os principais responsáveis pelo pagamento de contas e despesas da casa. O percentual é ainda maior (53%) entre os homens. De modo geral, 91% dos idosos no Brasil contribuem com o orçamento da residência, sendo que em 25% dos casos colaboram com a mesma quantia que os demais membros da família. Somente 9% não ajudam com as despesas.
Eles podem contribuir, acredite.
Os “idosos”, muitas vezes esquecidos e desconsiderados pelos mais jovens e também pelas famílias, são pessoas que tem muita contribuição para dar, uma vez que já viveram e acumularam experiências que são importantes para a vida.
As pessoas mais velhas são como uma biblioteca. Guardam tesouros que precisam ser explorados. Todos reconhecem a sua importância, mas todos esquecem o quanto as pessoas de mais idade poderiam contribuir, para o conhecimento dos mais jovens se parassem para ouvir o que eles já viram e vivenciaram.
Segundo o portal do envelhecimento, “a experiência dos idosos de hoje, de todos os estratos sociais, deve ser ouvida e levada em consideração ao se pensar em políticas e serviços para a população envelhecida de amanhã.”
Todos sabem que a evolução do mundo faz com que as coisas do passado fiquem para trás. As novas pesquisas e a tecnologia derrubam as teses do passado e garantem aos mais jovens uma informação atualizada, através dos modernos meios de comunicação. Isto é importante e precisa ser seguido. Entretanto, não é porque os mais velhos, não entendem disso, que não devem ser ouvidos e considerados. Eles tem o conhecimento de uma vida já vivida. Não tem mais a pressa da juventude, porque já adquiriram a tranqüilidade, daqueles que já cumpriram suas missões.
Frederico Silva. Contador, Professor Universitário e Mentor de carreira contábil.